Enora Touloute | 2024

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O Verdadeiro Brasil

Enora Touloute | 2024

Introdução

“Após 15 dias de viagem, finalmente tive a oportunidade de entrevistar a pessoa que tanto esperava. Ela representava a cereja no topo do bolo da minha pesquisa de campo. A agenda estava agora a meu favor para conversar com a pessoa que, acredito, me daria todas as respostas às minhas perguntas. Como mulher negra, ela personificava a jornada de uma líder natural que teve sucesso na vida. Apesar de todos os inconvenientes, ela era um exemplo para muitos na cidade. Seu nome é Neide.”

Neide é professora de história na escola Eliaus Haun. Com dois anos de experiência neste programa de campo, ela foi tutora de três pesquisadores (incluindo eu) no grupo de educação e conhecimento tradicional. No final do artigo, explicarei melhor por que ela foi tão importante para minha pesquisa. No entanto, sua paciência não será muito testada; a presença dela ao longo da leitura será autoexplicativa.

No início, minha questão de pesquisa se concentrava em saber Como uma figura de autoridade etnicamente diversificada influencia e educa a geração mais jovem para que ela construa uma sociedade mais avançada quando estiver no comando? Na tela, ler essa questão pode não parecer prejudicial de forma alguma. No entanto, no fundo da minha mente, minha perspectiva sobre o que as pessoas realmente queriam estava presa ao “sonho americano”. Eu estava inconscientemente impondo uma narrativa aos moradores da Costa do Cacau quando fazia minhas perguntas na entrevista. Eu acreditava que eles coletivamente queriam viver como os ricos. Carros caros guardados na garagem de uma mansão colossal e luxuosa, vivendo no luxo de nunca terem que trabalhar um único dia na vida. Para isso, eles teriam que estar em uma posição idealizada de poder, definida pelos padrões capitalistas ocidentais, para ganhar dinheiro suficiente para se sustentar e viver a vida que sempre desejaram (o que significava se tornar uma figura de autoridade). É por isso que modifiquei ligeiramente a minha pergunta para “Como é que um líder étnicamente diverso influencia e educa a geração mais jovem para desenvolver uma sociedade mais avançada, quando eles estiverem ao comando no futuro?” Mudei a palavra figura de autoridade para líderes. Esta simples mudança de palavra foi a mudança fundamental na forma como eu queria orientar o meu trabalho de pesquisa. Em relação ao tema do curso, liderança local, eu queria mostrar como a liderança tem mais peso, poder e impacto na comunidade do que as figuras de autoridade.

Metodologia

A pesquisa foi um curso de campo de primavera/verão da Universidade de Ottawa, com o apoio da professora Meg Stalcup. Ficamos três semanas em uma vila perto da Plaza, em Serra Grande, com quinze alunos de diferentes origens. Dividimos todos os alunos em cinco grupos de pesquisa. Eu fiz parte do grupo de educação e conhecimento tradicional com outros dois pesquisadores. Nosso grupo visitou quatro locais para se reunir com especialistas em suas áreas: o vice-diretor da escola primária, um mestre de capoeira, um cesteiro, um chocolatier e um pescador tradicional. Realizamos três entrevistas semiformais e uma formal, enquanto explorávamos seu ambiente ao mesmo tempo. Conseguimos fazer isso com a ajuda da rede e do conhecimento de nossa tutora, Neide Souza, e de nossa tradutora, Amanda Mezzovilla. Coletamos nossos dados com gravações, anotações de campo, fotos e vídeos. As limitações que encontramos foram a barreira do idioma e o tempo limitado das entrevistas. Infelizmente, não éramos fluentes em português. Como resultado, dependíamos do Google como ferramenta de tradução e de nossa tradutora. Esses fatores às vezes interrompiam o fluxo natural da conversa, o que pode ter afetado nossa coleta de dados. No entanto, isso não nos impediu de observar e analisar as interações significativas entre os moradores locais.

Discussão + Análise

Vera

A primeira entrevista que fizemos foi com Vera,* administradora de uma escola local. Dada a dificuldade de investigar o sistema escolar devido às leis de privacidade, a entrevista na escola foi possível graças às conexões e à reputação de Neide. A função de Vera consistia em organizar a programação do pessoal, desde os professores mais antigos até os alunos mais jovens. Ela supervisionava a resolução de quaisquer problemas que a escola enfrentasse. No entanto, sua posição atual não era algo que ela almejava inicialmente. Sua professora do 9º ano do ensino médio a inspirou a se tornar professora depois de apresentar uma redação brilhante e de qualidade. “Você tem isso em você, você pode se tornar professora”, disse sua professora Magisteo. Devido à licença maternidade de outra pessoa, Vera, que não atendia aos pré-requisitos exigidos para o cargo, foi escolhida como a nova vice-diretora (contra sua vontade) por seus superiores.

A entrevista pareceu tão indesejada quanto suas circunstâncias. A administração da escola nos concedeu apenas vinte minutos para entrevistar a administradora. Vera não tinha o poder de prolongar o tempo, não que ela quisesse mais tempo. Na verdade, ela parecia cética e receosa durante toda a entrevista. Como resultado, só nos foi permitido fazer no máximo três perguntas. Seu comportamento vinha do medo de dizer algo que colocasse seu emprego em risco. Parecia que sua personalidade complacente era exatamente a razão pela qual a direção a escolheu como administradora: para ser facilmente silenciada e influenciada.

Essa entrevista revelou o quanto ela realmente tinha poder. Neide nos contou em uma entrevista posterior que Vera era uma de suas maiores inspirações e que a entrevista não era um retrato fiel de quem ela era. Apesar de sua natureza passiva, ela é uma mulher inteligente e resiliente. No entanto, comparando as duas, ficou claro quem tinha a verdadeira capacidade de influenciar o ambiente ao seu redor. Uma podia nos dar acesso a um ambiente restrito, enquanto a outra não podia modificar uma programação da qual, teoricamente, era responsável.

Quando fui à academia no final daquela semana, conheci um menino de 15 anos chamado Pedro. Depois de me apresentar e falar sobre minha pesquisa, seus olhos brilharam e ele disse em português: “Você conhece a Neide? Ela é minha professora!” Pedro disse que gosta da escola e das aulas com Neide. Pode parecer banal, mas esse não foi o primeiro nem o último caso. Neide era frequentemente mencionada de forma positiva na comunidade por várias pessoas. Em comparação, o nome de Vera apareceu menos vezes durante as três semanas. Além disso, seu nome não era mencionado pela comunidade, mas pelos alunos da vila — um lugar onde se discutia frequentemente assuntos exclusivamente para fins de pesquisa. Essa observação me levou a realizar uma investigação online aprofundada sobre as distinções entre figuras de autoridade e líderes, e eis o que descobri:

Autoridade tem mais a ver com poder formal e controle, onde se espera obediência devido à posição ocupada pelo indivíduo. Liderança, por outro lado, tem a ver com influenciar e inspirar pessoas, muitas vezes além dos limites da autoridade formal. Um líder motiva, orienta e apoia os outros para alcançar um objetivo comum. (Kamil Ciosmak 2024)

Essa foi uma descrição perspicaz que me levou a querer explorar o impacto dos vários tipos de liderança que observei ao longo da viagem.

Os líderes masculinos

Ailton e Careca são dois indivíduos semelhantes em seus respectivos mundos. O chocolatier e o pescador são ambos pais e influenciam as pessoas a seguirem um caminho próspero semelhante. Ao entrevistá-los, ficou claro que eles queriam deixar um rastro de esperança e oportunidades após sua partida. Aqui estão suas histórias:

Ailton

Quando se trata de sucesso, Ailton valoriza a dedicação, a perseverança e o aprendizado por meio de tentativa e erro. Mesmo que seu pai tenha dito que o bisco, um pedaço de madeira que alongava a faca tradicional para cortar cana-de-açúcar no campo, não tornava ninguém rico, as conquistas de Ailton na vida provam que ele estava errado. O bisco serviu como uma metáfora de como o trabalho manual não é conhecido por levar a altos salários ou a uma vida rica. Hoje, Ailton é dono de terras produtivas e de uma chocolateria popular, tudo fruto de seu trabalho manual. Este homem é a verdadeira definição de “self-made”. Tendo recebido terras após a epidemia da broca da cana, ele é um dos poucos agricultores que obteve o máximo lucro com o que lhe foi dado. Para sustentar a terra, ele ensinou seus conhecimentos e práticas à sua grande família. No entanto, ele não obriga nenhum de seus filhos a seguir seus passos como chocolatier/agricultor. Pelo contrário, Ailton quer que seus filhos sigam uma disciplina que amem, incentivando-os a aplicar a ética de trabalho que aprenderam em casa. Ailton completou sua frase com: “Você pode voltar e ter uma vida boa”, enquanto olhava para sua filha adolescente, Pretinha, que quer se tornar psicóloga. Alguns de seus filhos mais velhos já se mudaram para as grandes cidades para seguir seus sonhos. Pelo que entendemos, eles estavam prosperando e se divertindo no mundo urbano.

Na análise, a liderança de Ailton se manifesta de duas maneiras. Primeiro, Ailton oferece todas as ferramentas e recursos para a próxima geração, para que eles se tornem o que sempre aspiraram ser. Ele deseja que eles tenham uma qualidade de vida igual ou melhor do que a que ele teve. Segundo, em comparação com uma figura de autoridade, ele nunca impôs ou forçou quaisquer expectativas de vida aos seus filhos. Ailton é uma fonte de inspiração para sua família e para além desse círculo. Durante nossa estadia lá, também descobrimos que suas técnicas avançadas de jardinagem e práticas sustentáveis, como a clonagem de plantas, foram adotadas por seus vizinhos para a prosperidade de suas próprias terras. Outro exemplo que demonstra Ailton como um líder natural na comunidade.

Careca

Graças ao seu pai Cazeio, Careca tornou-se um líder. Graças ao seu pai Careca, seu filho, Théo, provavelmente se tornará um líder. O padrão é simples e deriva da admiração e respeito que tinham pela figura paterna. Este é um exemplo claro de um modelo a seguir em microescala familiar. Durante a entrevista, Careca explicou como sua paixão pela pesca surgiu ao admirar seu pai. Hoje, ele quer transmitir a mesma paixão e conhecimento a um grupo maior de jovens que desejam perpetuar a técnica tradicional. Além disso, ele tem o respeito e a admiração dos jovens da região para fazer isso. No entanto, essa não é uma tarefa fácil. Pescar no meio do mar é perigoso, tornando sua profissão extremamente exigente. O número de peixes capturados depende de vários fatores que levam anos para serem aprendidos: o clima, as algas, a lua, as correntes e muito mais. É por isso que Careca disse que seu conhecimento seria um tesouro para as grandes corporações se o tivessem em seus barcos. No entanto, Careca quer compartilhar esse tesouro apenas com as pessoas que o admiram e respeitam o ofício, assim como ele fez com seu pai.

Assim como Ailton, Careca planeja em breve retribuir à próxima geração. No próximo ano, Careca gostaria de dar aulas de pesca na escola secundária da região, a Escola Eliaus Haun. Sabemos que seu ensino seria apreciado, pois vimos seu sucesso com alunos em outra disciplina. Por exemplo, para nossa entrevista, Neide convidou seus alunos para participar de uma oficina com Noemia, a cesteira. Os alunos tiveram uma experiência tão boa que alguns pretendem continuar aprendendo a fazer cestas. Imagine se eles tivessem a oportunidade de aprender a pescar com uma tarrafa na praia durante o horário escolar, eles se divertiriam muito! Tomar a iniciativa de retribuir à comunidade é uma forma de liderança.

As líderes femininas

Minha compreensão do que realmente significa liderança surgiu quando conheci as mulheres líderes. O respeito por essas mulheres era a verdadeira personificação do matriarcado. Por exemplo, embora nosso grupo de educação e conhecimento tradicional não tenha feito uma entrevista com ela, pudemos perceber que Donna Jo era uma líder excepcional em Serra Grande. Ela é porta-voz, organizadora e professora de toda uma comunidade. A eficácia das mulheres líderes foi o aspecto mais importante que observei e analisei durante esta viagem.

As mulheres do Quilombo

As mulheres nos mostraram como a representatividade era uma ferramenta fenomenal para o crescimento de uma comunidade. Fomos recebidos por Jessica Oliviera do Rosário, Pedrina Belem do Rosário e Eleiledes do Rosário. Essas três mulheres negras eram inteligentes e motivadas. Por exemplo, Pedrina foi a primeira pessoa de sua família a frequentar a universidade. Ela se formou recentemente em estudos internacionais e voltou para o Quilombo para criar um programa de turismo. Independentemente dos diplomas que obtiveram (um trunfo que poderia tê-las levado a buscar uma vida confortável nas cidades), seu objetivo final era melhorar a qualidade de vida da comunidade. De fato, elas passaram por várias dificuldades, como a insegurança hídrica. O dinheiro resolveria a maior parte de seus problemas. Para trazer mais receita para o Quilombo de Jatimane, o programa pretende formar jovens locais para se tornarem guias turísticos.

Esse plano foi simplesmente genial. Ao formar os jovens da comunidade, eles garantem que essa população jovem seja educada, cultivada e especialista em sua terra. Além disso, ao mostrar constantemente a beleza de sua cidade natal aos turistas, eles acabarão por ver a mesma beleza também. Lentamente, mas com segurança, isso diminui o fenômeno da fuga de cérebros em sua comunidade. (Julie Young 2024) Esses futuros adultos encontrarão soluções para melhorar o Quilombo e trazer mais dinheiro para a comunidade. Ninguém pode negar que Jessica, Pedhina e Ehdes são líderes no Quilombo de Jatimane. Estar ciente e preparar toda uma comunidade para o sucesso futuro é um ótimo exemplo de liderança.

Neide

Como mencionei anteriormente, tive a oportunidade de entrevistar nossa tutora Neide no quintal da vila, mesmo que isso não estivesse em nossa programação. A entrevista confirmou muitas das minhas percepções. Ela acredita que a maneira como você se comporta e age neste mundo é o que realmente inspira as pessoas. Durante toda a viagem, sua frase favorita era “Sou uma mulher livre”. Neide quer viver sem restrições sociais, especialmente como mulher negra. Apesar de viver em um sistema racista, colorista e sexista, ela escolheu viver sua vida de forma plena e positiva. Sua força para ter essa mentalidade é fora do comum. Madaline Nichols (1963) escreve sobre Carolina Maria de Jesus e como as mulheres negras são vítimas e vivem vidas miseráveis devido a esses sistemas. Neide não deixa ninguém ditar como ela deve agir. Como tutora, professora e mãe, ela sempre se certifica de permanecer autêntica e dar às pessoas necessitadas a ajuda que elas merecem. Por exemplo, ela impede qualquer forma de segregação/discriminação por cor da pele em suas aulas. Como resultado, ela inspira aqueles ao seu redor, pelo exemplo, a se libertarem também. É por isso que Neide é uma figura de liderança.

Conclusão

Minha pesquisa contribui para uma maior conscientização sobre quem detém o poder real: o poder de melhorar uma comunidade, uma cidade ou até mesmo um país. Ao estabelecer as diferenças entre figuras de autoridade e líderes, entendemos quem queremos seguir. Em uma escala macro, devemos observar as pessoas por seus valores, ações e princípios, e não por seus títulos. Caso contrário, nós deixamos guiar por armaduras sem soldados dentro delas. Minha pesquisa de campo revelou vários líderes que têm um impacto imediato sobre os habitantes da Costa do Cacau. Por exemplo, Ailton e Careca estão levando as pessoas a praticar suas aspirações com paixão e determinação. As mulheres do Quilombo de Jatimane estão liderando e guiando sua comunidade para um futuro próspero. Este artigo não faz justiça a todos os líderes que conheci durante a viagem. Portanto, aqui estão algumas menções honrosas: Barbara, a ativista indígena, Wanderson, o surfista que quer preservar a prática do Jaganda, e Amanda, a política e voz da juventude.

Da próxima vez que você quiser votar, escolher ou até mesmo admirar alguém, pergunte-se por quê. Essa pergunta não deve ser tomada de ânimo leve. Ao terminar este artigo, você agora é um especialista no impacto que um líder tem em uma comunidade. Então, agora, eu lhe pergunto: quem você quer que o inspire? Quem você quer que lidere sua comunidade? E o mais importante, você é uma figura de autoridade ou um líder?

Notas

* Este é um pseudônimo, usado para proteger sua privacidade.

Referências

Ciosmak, Kamil. “Spot the Difference: Authority vs Leadership.” Unrubble, 15 de Maio de 2024. https://unrubble.com/blog/authority-vs-leadership.

Nichols, Madaline W. “Child of the Dark. the Diary of Carolina Maria De Jesus.” Hispanic American Historical Review 43, n.3 (1 de Agosto de 1963): 448–50. https://doi.org/10.1215/00182168-43.3.448.

Young, Julie. “Brain Drain: Definition, Causes, Effects, and Examples.” Investopedia, 15 de Maio de 2024. https://www.investopedia.com/terms/b/brain_drain.asp#:~:text=A%20fuga%20de%20cérebros%20geralmente%20ocorre%20quando,algumas%20das%20mesmas%20razões.à

Real Brazil

Enora Touloute | 2024

Introduction

“15 days into the trip, I finally had the opportunity to interview the person I was long waiting for. She represented the cherry on top for my field research. The schedule was now in my favor to talk to the individual who, I believe, would give me all the answers to my question. As a Black woman herself, she embodied the journey of being a natural leader who made it in life. Regardless of all the inconvenience, she was an example for many in the city. Her name is Neide.”

Neide is a history teacher at the Eliaus Haun school. With two years of experience in this field course program, she was the tutor of three researchers (including myself) in the education and traditional knowledge group. At the end of the paper, I will further explain why she was such a key player for my research. Nonetheless, your patience won’t be tested too much; her presence throughout your reading will be self-explanatory.

At the beginning, my research question was focused on knowing how does an ethnically diverse authority figure impact and educate the younger generation to grow a more advanced society when they will be later in charge? From your screen, reading this question may not seem harmful in any way. However, in the back of my mind, my perspective on what the people truly wanted was stuck on the “American dream.” I was unconsciously imposing a narrative on the Cacao Coast locals when I was asking my interview questions. I believed that they collectively wanted to live like the rich and elites of the world. Expensive cars kept in the garage of a colossal and lavish villa, living in the luxury of never having to work a day in their life. To do so, they would have had to be in an idealized position of power, set by western capitalist standards, to gain enough money to sustain yourself and live the life they long sought for (which meant becoming an authority figure). It is the reason why I slightly modify my question to “how does an ethnically diverse leader impact and educate the younger generation to grow a more advanced society when they will be later in charge?” I changed the word authority figure to leaders. This simple change of word was the pivotal shift of how I wanted to direct my research paper. In relation to the course subject, local leadership, I desired to show how leadership hasd more weight, power and impact in the community than authority figures.

Methodology

The research was a Spring/Summer field course from the University of Ottawa, with the support of Professor Meg Stalcup. We stayed three weeks in a villa near the Plaza, in Serra Grande, with fifteen students of different backgrounds. We divided all the students in five research groups., I was part of the educational and traditional knowledge group with two other researchers. Our group visited four locations to meet with experts of their field: the vice-principal of the primary school, a capoeira master, a basket maker, a chocolatier, and a traditional fisherman. We conducted three semi-formal and one formal interview, while exploring their environment at the same time. We were able to do so with the help of the network and knowledge of our tutor, Neide Souza and our translator, Amanda Mezzovilla. We collected our data with recording, field notes, pictures and videos. The limitations we encountered were the language barrier and the time limit of the interviews. Indeed, we were unfortunately not fluent in Portuguese. As a result, we were dependent on Google as a translation tool and our translator. These factors sometimes broke the natural flow of the conversation, which might have affected our data collection. However, it didn’t stop us from observing and analyzing the meaningful interactions between the locals.

Discussion + Analysis

Vera

The first interview we did was with Vera,* an administrator at a local school. Given the difficulty of investigating the school system due to privacy laws, the interview at the school was made possible thanks to Neide's connections and reputation. Vera’s role consisted of organizing the personnel’s schedule; from the senior teachers to the youngest students. She oversaw fixing any problems the school encounters. However, her current position was not something that she pursued in the first place. Her 9th grade high school teacher inspired her to become a teacher after submitting a brilliant and quality essay. “You have it in you, you can become a teacher” her teacher Magisteo said. Due to someone else’s maternity leave, Vera, who didn’t meet the required job prerequisite, was chosen as the new vice-principal (against her will) by her superiors.

The interview felt as unwanted as her circumstances. The school administration only allowed us twenty minutes to interview the adminstrator. Vera didn’t have the power to extend the time, not like she wanted more time. Indeed, she seemed skeptical and fearful during the whole interview. As a result, it only allowed us to ask no more than three questions. Her behavior came from fearing to say something that would put her job in jeopardy. It seemed that her compliant personality was the exact reason why the direction chose her as the administrator: to be easily silenced and swayed.

This interview was revealing on how much power she actually possessed. Neide told us in a later interview how Vera was one of her biggest inspirations and that the interview was not an accurate portrayal of who she was. Despite her passive nature, she is a smart and resilient woman. However, compared to the two, it was clear who had the real capacity to influence their surroundings. One could give us access to a restricted environment while the other couldn’t modify a schedule she was, theoretically, in charge of.

When I went to the gym later that week, I met a 15-year-old boy called Pedro. After introducing myself and my research, his eyes lit up and said in Portuguese, “Do you know Neide? She is my teacher!” Pedro said that he enjoys school and his classes with Neide. It might seem banal, but this instance was not the first, nor the last. Neide was often positively mentioned in the community by multiple individuals. In comparison, Vera’s name popped out fewer times in the duration of the three weeks. Plus, her name was mentioned not by the community but by the students in the villa -- a place often discussing about matters solely for research purposes. This observation led me to conduct an in-depth online investigation into the distinctions between authority figures and leaders and here what I found:

Authority is more about formal power and control, where obedience is expected due to the position held by the individual. Leadership, on the other hand, is about influencing and inspiring people, often beyond the boundaries of formal authority. A leader motivates, guides, and supports others to achieve a common goal. (Kamil Ciosmak 2024)

This was an insightful description that led me to wanting to explore the impact of the multiple types of leadership I observed throughout the trip.

The male leaders

Ailton and Careca are two similar individuals in their respective worlds. The chocolatier and the fisherman are both fathers and influence people to follow a similar prosperous path. While interviewing them, it was clear they wanted to leave a trace of hope and opportunities after them. Here are their stories:

Ailton

When it comes to success, Ailton values hustle, perseverance, and learning through trial and error. Even if his father said that the bisco, a piece of wood that elongated the traditional knife to cut sugar cane in the field, does not make any man rich, Ailton’s life accomplishments prove him wrong. The bisco served as a metaphor for how manual labor isn’t known to lead to high wages or a wealthy life. Today, Ailton owns productive land and a popular chocolatery, all from his manual labour. This man is a true definition of “self-made.” Being given land after the Witch Broom epidemic, he is one of the few farmers that made the most profit out of what he was given. To sustain the land, he taught his knowledge and practices to his big family. However, he does not obligate any of his kids to follow in his footsteps as a chocolatier/farmer. On the contrary, Ailton wants his children to pursue a discipline they love, encouraging them to apply the work ethic they learned at home. Ailton followed his sentence with, “You can come back and live a good life” while looking at his adolescent daughter, Pretinha, who wants to become a psychologist. Some of his older children already moved to the big cities to follow their dreams. From what we understood, they were thriving and enjoying themselves in the urban world.

In analysis, Ailton’s leadership is shown in two ways. First, Ailton gives all the tools and resources to the next generation, so they become what they always aspired to be. He wishes for them to have an equal or/and even better quality of life than he had for himself. Second, compared to an authority figure, he never imposed or forced any life expectations on his children. Ailton is a source of inspiration for his family and beyond this circle. From our time there, we also learned that his advanced gardening techniques and sustainable practices, like cloning plants, were adopted by his neighbors for the prosperity of their own lands. Another instance that demonstrates Ailton as an effortless leader in the community.

Careca

Because of his father Cazeio, Careca became a leader. Because of his father Careca, his son, Théo, will most likely become a leader. The pattern is simple and stems from the admiration and respect they had for their father figure. This is a clear example of a role model in a family micro-scale. During the interview, Careca explained how his passion for fishing came from looking up to his dad. Today, he wants to transmit the same passion and knowledge to a larger group of young people who wish to perpetuate the traditional technique. Plus, he has the respect and appreciation of the youth of the region to do so. However, this is no easy task. Fishing in the middle of the sea is dangerous, making their profession extremely demanding. The number of fish caught depends on multiple factors that take years to learn: the weather, seaweed, the moon, currents, and more. This is why Careca said his knowledge would be a treasure to big corporations if they had him on their company boats. However, Careca wants to share this treasure only with the people who look up to him and respect the craft, just like he did with his father.

Similarly to Ailton, Careca plans to soon give back to the next generation. Next year, Careca would like to give fishing classes in the high school of the region, Eliaus Haun School. We know his teaching would have been appreciated because we saw its success with students in another discipline. For example, for our interview, Neide invited her students to participate in a workshop with Noemia, the basket maker. The students had such a good experience that some intended to continue to learn basket making. Imagine if they had the opportunity to learn to fish with a tarrafa on the beach during school hours, they would have a blast! To take the initiative to give back to the community is a form of leadership.

The female leaders

My awakening of what leadership truly meant appeared when I met the female leaders. The amount of respect towards these women was the true embodiment of matriarchy. For example, even though our educational and traditional knowledge group didn’t have an interview with her, we could tell that Donna Jo was an outstanding leader in Serra Grande. She is the spokesperson, organizer and teacher of an entire community. The effectiveness of women leaders was the most important aspect I noted and analyzed during this trip.

The Quilombo women

            The women of showed us how representation was a phenomenal tool to grow a community. We were welcomed by Jessica Oliviera do Rosário, Pedrina Belem do Rosário and Eleiledes do Rosário. These three Black women were smart and driven. For instance, Pedrina was the first person in her family to attend university. She recently graduated from her international studies program and returned to Quilombo to build a tourism program. Regardless of the diplomas they obtained (an asset that could have led them to pursue a comfortable life in the cities), their ultimate goal was to improve the quality of life in the community. Indeed, they experienced multiple hardships like water insecurity. Money would fix most of their problem. To bring more revenue in the Quilombo of Jatimane, the program intends to form local youth to become tourist guides.

This plan was simply genius. By forming young people in the community, they ensure this young demographic are educated, cultivated and expert of their land. Additionally, by constantly showcasing the beauty of their hometown to the tourists, they will eventually see the same beauty as well. Slowly but surely, it decreases the brain drain phenomenon in their community. (Julie Young 2024) These future adults will find solutions to improve the Quilombo and bring more money to the community. No one can deny it, Jessica, Pedhina, and Ehdes are leaders in Quilombo of Jatimane. Being aware and setting a whole community to future success is a great example of leadership.

Neide

As I mentioned earlier, I had the opportunity to interview our tutor Neide in the backyard of the villa, even if it was not in our schedule. The interview was a confirmation of many of my insights. She believes that the way you carry yourself and behave in this world is what truly inspires people. Throughout the trip, her favorite saying was “I am a free woman.” Neide wants to live without societal restriction, especially as a Black woman. Despite living in a racist, colorist, and sexist system, she has chosen to live her life fully and positively. Her strength to have this mindset is out of the ordinary. Madaline Nichols (1963) writes about Carolina Maria de Jesus and how Black women fall victim and live miserable lives due to these systems. Neide doesn’t let anyone dictate how she must act. As a tutor, teacher and mother, she always makes sure to stay authentic and give to people in need the help they deserve. For example, she stops any form of segregation/discrimination of skin colour in her classes. As a result, she inspires those in her surroundings by example to break free too. It is the reason why Neide is a figure of leadership.

Conclusion

My research contributes more awareness of who has real power: the power to improve a community, city or even a country. By establishing the differences between authority figures and leaders, we understand who we want to follow. At a macro scale level, we should observe people for their values, actions and principles over their titles. Otherwise, we let ourselves be guided by armour without soldiers inside. My field research uncovered numerous leaders who have an immediate impact on the locals of the Cacao Coast. For instance, Ailton and Careca are leading people to practice their aspirations with passion and determination. The women of Quilombo of Jatimane are leading and guiding their community to a prosperous future. This paper does not do justice to every leader I met throughout the trip. Therefore, here are some honorable mentions: Barbara, the Indigenous activist, Wanderson, the surfer who wants to preserve the practice of the Jaganda and Amanda, the politician and voice of the youth.

Next time you want to vote, choose or even look up to someone, ask yourself why. This question should not be taken lightly. By finishing this paper, you are now an expert on the impact a leader has in a community. So now, I’m asking you: who do you want to inspire you? Who do you want to lead your community? And most importantly, are you an authority figure or a leader?


Notes

* This is a pseudonym, used to protect her privacy.

 

References

Ciosmak, Kamil. “Spot the Difference: Authority vs Leadership.” Unrubble, May 15, 2024. https://unrubble.com/blog/authority-vs-leadership.

Nichols, Madaline W. “Child of the Dark. the Diary of Carolina Maria De Jesus.” Hispanic American Historical Review 43, no. 3 (August 1, 1963): 448–50. https://doi.org/10.1215/00182168-43.3.448.

Young, Julie. “Brain Drain: Definition, Causes, Effects, and Examples.” Investopedia, May 15,   2024. https://www.investopedia.com/terms/b/brain_drain.asp#:~:text=Brain%20drain%20       usually%20happens%20when,some%20of%20the%20same%20reasons.à